sábado, 20 de julho de 2013

Caixa Preta #2 - A praga

José vivia com seu Pai Herculano em uma pequena casa longe da cidade, havia um posto de gasolina a alguns quilômetros, sua mãe havia morrido há anos e ele vivia com seu pai um homem bruto e grosseiro.
Que nunca lhe dava atenção a não ser quando era para bater nele, surra-lo e xinga-lo. José era tão carente emocionalmente, que seu único amigo era uma rã, uma pequena rã verde claro, ele brincava com ela, levava dentro de um caminhãozinho de plástico puxado por uma corda, em certo dia seu pai em mais uma crise de alcoolismo entrou em seu quarto o fez sentar do seu lado e falou:
- Sabe por que sua mãe morreu seu pedacinho de bosta?  Morreu no parto por sua culpa! – Disse soluçando e grunhindo feito um porco.
- Você seu aborto, levou ela de mim, e isso que você fez e por isso te odeio, vai dormi seu merdinha! –José ficou encolhido com a cabeça sobre os joelhos. Não chorou ‘’homem não chora’’ ele lembrou. Era isso que seu pai dizia, seu pai era um homem magro mais com uma barriga dura de cachaça, ele coçou os poucos cabelos em sua cabeça. Levantou-se e saiu. José não tinha coragem nem se quer de olhar para o rosto de seu pai, na verdade era algo que de tanto ele não encarar ele já não conseguia mais nem se quer lembrar-se da fisionomia, até de certa forma ele fazia por onde não lembrar- se esforçava para não se lembrar daquela cara gorda daqueles olhos esbugalhados daquela calvície e barba mal feita daquele maldito sorriso depravado daqueles olhos zombeteiros de espírito pobre e rastejante, na verdade ele odiava aquele homem sentia estando em sua presença a mesma sensação que se sente perto de um animal pútrido com vermes e larvas de inseto comendo e rastejando. Mais seu medo era enorme.
Em certa manhã Herculano o mandou ir comprar cerveja no comercio que ficava na cidade próxima, ele foi chegando lá o dono do mercado deu a ele as latas de cerveja, e perguntou se ele estava bem. José disse que sim com um sorriso fraco.
- Olhe filho se aquele porco estiver fazendo algo com você, diga que eu o denuncio para o conselho tutelar! - Falou o dono colocando as cervejas dentro de uma sacola, José voltou para casa. O pai pegou as cervejas, e voltou a assistir o jogo que passava na TV, José voltou para o quarto e afastou a pequena cômoda contra a porta, às vezes quando o time de seu pai perdia e ele estava sobre efeito do álcool, ele virava uma peste.  Já havia anoitecido José dormia quando acordou com um grito
- PORRA! – Era Herculano, o aborto estava furioso porque seu time havia perdido.  José virou de costas para a parede de pintura azul velha e desbotada. Quando ouviu a maçaneta sendo girada com força.
- José abre essa merda, José abre! – Os gritos ficaram mais fortes, Ate que Herculano abriu a porta com força e entrou.
- Filho da puta! Eu mandei abrir a porta droga! – Disse ele tirando o cinto e dando uma chicotada contra as costas de José.
- Papai, por favor, nãooo! Paraaa! – Disse José chorando e se agarrando com as pernas da cama, A rã de José olhava em cima de uma caixa de papelão que era sua morada.  Depois de uma boa surra Herculano saiu do quarto. José ficou deitado com as costas sangrando. A pequena rã se aproximou coaxando e ficou próximo ao seu rosto sua pele fria tocava na testa de José que chorava quieto e encolhido. Seu pai foi se deitar.
Quando seu pai pegou no sono, sentiu uma coisa gelada andando sobre seu corpo. Ele acordou meio zonzo da bebida, e olhou que dentro das cobertas havia uma pequena rã, ele imaginou que fosse o bicho do seu filho ele se irou pegou ela pela mão e lançou violentamente contra a parede onde ela esmagou ao se chocar. Ele resmungou e pensou que logo no outro dia ia dar uma lição no José aquele moleque pensou ele. Quando começava a dormir de novo, ouviu outro coaxar, desta vez vinha de baixo de sua cama, ele olhou e viu uma rã.
- Mais que diabos esta acontecendo aqui. – Ele se levantou pegou um martelo e foi tentar matar o animal, mais quando se abaixou com a lanterna em uma mão e o martelo na outra, viu que não havia mais nada ali. Quando ouviu um coachar mais desta vez vários e vinha de fora da casa. Ao colocar a cabeça do lado de fora, viu varias rãs, sapos sobre a varanda em cima da cadeira que estava do lado de fora, de uma pilha de pneus. Ele fechou a janela. E se deitou, mais não conseguia dormir, o barulho cada vez mais alto, a ponto que já estava ficando ensurdecedor ele começou a perceber que a casa tremia e cada vez mais alto ficava o som os cauchos estavam ficando semelhantes a gemidos de crianças recém-nascidas.
- PARAAAA! - Gritou ele e finalmente cessou. Ele enxugou o suor do rosto e se deitou, quando sentiu uma coceira na mão esquerda, ele deu uma risada dizem que quando a mão esquerda coça é dinheiro, ele pensou, mais a coceira tomou uma forma de dor, ele levantou a mão e viu como algo andasse sobre a pele, quando começou a pele da mão a rasgar os poros a se dilatarem. E saiu em meio a sangue e grito uma pequena rã de três centímetros de comprimento. Pulando. De repente a dor aumentou, ele sentiu algo rasgando suas costas. Ele gritava em pânico.
- Jesus! Aaaa! – saíram dessa vez três sapos grandes de suas costas rasgando levando com sigo sangue e carne. A dor aumentava, ele abriu a boca e viu sair dela um grande sapo. E de repente todo seu corpo começou a se rasgar, e rãs sapos e outros anfíbios a saírem saltando e pulando de dentro de seu corpo. Ele começou a se arrastar para porta gritando por socorro. Quando uma sensação de uma panela de pressão que vai explodir veio a ele, e seus olhos foram arrancados por duas rãzinhas que expulsaram para poder sair. Depois todo seu corpo explodiu e enumeras rãs e sapos saíram de dentro. O quarto onde ele estava ficou vermelho coberto de sangue. José acordou na manhã seguinte com uma caricia em suas costas, ele se levantou assustado, e viu uma mulher de cabelos encaracolados ele reconheceu por fotos era sua mãe.
- Mã.. Mãe? – disse ele, ela o beijou abraçou ele sentiu frio. A pele de sua mãe era tão gelada como de sua rã.

- Foi à gota d’água, para mim, vamos embora?- disse ela o segurando pela mão e juntos saíram da casa, José nunca mais foi visto. E a casa nunca mais foi comprada, porque o fedor do lugar, até hoje continua.

Escrito Por : Felipe Nunes 
Facebook Google+ Twitter RSS