Um
filme que desde o mês de abril venho esperando pela estréia, mas
como minha vida acadêmica anda muito agitada não pude assistir logo
na estréia. Logo de início o filme já começa a emocionar,
principalmente para aqueles que são fãs da banda Legião Urbana,
com a música em um estilo instrumental “Tempo Perdido”
acompanhada de um lindo arranjo de violino. Tiro o chapéu para o
ator Thiago Mendonça que interpreta Renato Russo, pois ele consegue
passar para o público todo o sentimento exagerado e juvenil deste
cantor que aos poucos vai se tornando um ícone do até então punk
rock nacional.
Tive
uma satisfação pessoal em ver surgir o grupo da colina, que é nada
mais nada menos que os grupos engajados no rock dos anos 70 e 80 aqui
no Brasil. Desse grupo surgiram às bandas Aborto Elétrico, Plebe
Rude e Blitz 64 que depois se desmembraram em Legião Urbana e
Capital Inicial. Essas bandas trouxeram para o Brasil o punk rock,
inspiradas em bandas como The doors e Sex Pistols, uma coisa que acho
interessante salientar, nesta época o Brasil estava passando pelo
regime da ditadura militar, sendo assim as únicas pessoas que tinham
acesso a esse tipo de material eram os professores de escolas que
inclusive eram fortemente vigiados por grupos de espionagem da
ditadura. Às vezes em que ri no filme, estavam ligadas a cenas ou
comentários do Renato Russo, pois a influencia internacional é tão
intensa que ver um jovem vestido em blusas e calças rasgadas (o que
hoje é comum), é uma cena tão chocante para os pais que fica óbvio
como o choque cultural está presente desde as gerações mais
antigas até as mais jovens, ou seja ,sua vez um dia também vai
chegar.
A
formação da banda Legião Urbana, também foi um fato curioso, pois
a letra desta banda tinha um cunho muito mais social e romântico se
comparadas com o estilo ainda forte e rude do punk rock nacional da
época, sendo assim foi uma atitude bastante ousada. Realmente as
letras da Legião eram tão cativantes que foi inevitável que
ganhassem espaço dentro do publico mais jovem, que estava já tão
cansado de ver e ouvir coisas violentas. Mas legião, não trata
apenas de musicas românticas (para quem ainda não conhece), a
crítica social neste caso tornar-se mais refinada e madura, ao ponto
de tocar em pontos delicados da vida brasileira e da política
nacional que até então não poderiam de forma alguma ser
mencionada, mostrando mais uma vez a ousadia dessas bandas compostas
por jovens aqui no Brasil, com foco na banda Legião Urbana.
Para
concluir, o filme me trouxe um pouco também da memória de alguns
anos atrás em que ainda se viam pessoas se reunindo para tocar
violão e musicas que são consideradas hinos, como Que País é
Esse, Tempo Perdido, Geração Coca-Cola e Até Quando Esperar. Senti
inveja de poder ver jovens se reunindo onde bem entendessem para
beber ou conversar, quando hoje tenho que olhar constantemente à
noite para os dois lados ,com medo de alguém me assaltar. Minha
única crítica, é que o filme termina de forma muito inesperada,
deixando um gosto forte de quero mais, pegando muitos expectadores de
surpresa. Somos Tão Jovens, em minha opinião é um filme essencial
para aqueles amantes do rock nacional e de Legião Urbana, sendo
muito mais que bem vindo no nosso hall de filmes que fazem parte da
cultura brasileira.
por: Victor Oliveira